segunda-feira, 14 de março de 2011

Landell de Moura, gênio, empreendedor, inventor e injustiçado



     Pe. Roberto Landell de Moura  -  Serviu a Deus e a Ciência - Precursor da Telefonia e Telegrafia sem fios. Patrono dos Radioamadores do Brasil. 21.01.1861 - 30.06.1928.


     Estes são os dizeres inscritos numa placa de bronze integrante do busto do Padre cientista, que se encontra instalada na sede da LABRE/SP – Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão, doada aos colegas brasileiros por radio amadores portugueses, após a eleição em 1981, que consagrou o Padre Landell de Moura como ‘Patrono dos Radioamadores do Brasil’.


     Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 1861, onde estudou Humanidades. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi cursar a Escola Politécnica. Na companhia de seu irmão Guilherme, seguiu para Roma, onde no Colégio Pio Americano e na Universidade Gregoriana estudou teologia, física e química, sendo ordenado Padre em 1886.


     De volta ao Brasil, residiu no Rio de Janeiro, capital do império, onde teve a oportunidade de rezar uma missa para Dom Pedro II e toda sua corte. Esta aproximação com o reino permitiu a ele expor suas idéias sobre transmissão do som e da imagem através de ondas e luz ao imperador, com quem manteve freqüentes diálogos científicos.


     Em 1887 retornou ao Rio Grande do Sul, permanecendo até 1892, quando foi transferido para a cidade paulista de Santos. Daí seguiu para Campinas - SP e após, para a cidade de São Paulo, onde atuou como capelão do Colégio Santana, situado em bairro do mesmo nome. Em Campinas, aprofundou seus estudos sobre a propagação de ondas portadoras de sons e imagens postulando o seguinte: ‘Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa dessas outras terras que rolam sobre as nossas cabeças ou sob nossos pés, e eu farei chegar a minha voz até lá’.


     Desta afirmação surgiu a certeza de ser possível criar a tecnologia, revolucionária para a época - de transmitir voz através do ar. Durante a residência no bairro de Santana, em São Paulo, realizou os primeiros experimentos de emissão de voz entre os altos de Santana e a Avenida Paulista, distantes 8 quilômetros em linha reta. Este evento foi testemunhado por diversas autoridades e jornalistas, em 1893. Um ano antes, portanto, do italiano Marconi, ser considerado ‘inventor do rádio’, Landell teve o registro no Brasil do seu “aparelho destinado à transmissão phonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso”, patente                   nº. 3.279.


     O Jornal "O Estado de São Paulo", de 16 de julho de 1899, anunciava uma das experiências públicas de Landell: " Telephonia Sem Fios: Hoje ás 9 horas da manhan, no Collegio das Irmans de S.José, em Sant´Anna, realisar-se-á uma experiência de telephonia sem fios, com a apparelhos inventados pelo redvmo. padre Landell de Moura. A experiência versará sobre a telephonia aerea e subterranea. O Sr. Padre Landell de Moura, que convidou para este acto de varias autoridades, homens de sciencia e representantes de imprensa, fará uma prelecção antes de proceder nas experiências de seu invento".


    Imediatamente após o registro da patente, não encontrando apoio financeiro e moral para prosseguir com o desenvolvimento de seus aparelhos, o Padre Landell conseguiu autorização da Igreja para viajar para os Estados Unidos a fim de registrar patentes. A esta altura, foi perseguido por fiéis fanáticos que o acusavam de pacto com o diabo e destruíram seu laboratório. Lá, obteve três patentes no The United States PatentOffice, em New York, Estados Unidos: “Transmissor de Ondas” - precursor do rádio, “Telefone sem fio” e “Telégrafo sem fio”. Nas patentes agregou vários avanços técnicos como transmissão por ondas contínuas, por meio da luz, princípio da fibra óptica e por ondas curtas. Também em 1904 o Padre Landell começou a projetar, de forma precursora, a transmissão da imagem, ou seja, de televisão e de textos, teletipo, à distância.


     O jornal New York Herald, 12 de Outubro de 1902, em reportagem sobre os inventos revolucionários do brasileiro, relatou as seguintes palavras do inventor: "No Brasil, uma multidão supersticiosa acusava-me participante com o diabo, interromperam os meus estudos e quebraram os meus aparelhos. (...) Conheci o que é sentir como Galileu para gritar: "Eppur si muove".


     De volta ao Brasil, o Padre foi visto como louco pelas autoridades públicas e eclesiásticas por declarar ingenuamente que seu invento permitiria até a comunicação interplanetária. Assim, com grande desgosto, abandonou sua carreira de inventor, dedicando-se até o fim da vida a atividade sacerdotal.


     Essa foi a saga de um empreendedor brasileiro. Agora somos obrigados a resgatar a glória desse gênio, gravando em nossa história sua titularidade de o “pai do rádio”, igualmente como reverenciamos a Santos Dumont. Para apoiar esta causa entre no site WWW.mlm.landelldemoura.qsl.br e participe do abaixo assinado, já apoiado por várias instituições brasileiras. Faça parte!



Publicado no jornal Cinform 14/03/2011 – Caderno Emprego

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