segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Asas para o Senac




Sempre que estou ensinando empreendedorismo para alunos de pedagogia, convido a um exercício que revela limites que impomos à própria realidade, maculando a nossa percepção. O exercício consiste em discutir livremente a criação de uma escola qualquer, regular, de idiomas ou profissionalizante. Em geral, os alunos se entusiasmam com a ideia e vão transpondo para o papel o projeto com fervor. A discussão origina sempre no modelo do prédio, tamanho das turmas, mobiliário, número e professores, área de recreação, localização da escola, salários e até o estilo da sala do diretor. Alguns raros “projetistas” vão ao modelo de negócio, finanças, viabilidade econômica e retorno sobre o investimento, a rigor, assuntos mais vitais ao empreendimento do que o estilo do prédio e da sala do diretor. Ficam ausentes, por exemplo, propostas de Educação a Distância - EaD - e os métodos pedagógicos que servirão de base para o trabalho escolar.

Isso demonstra o quanto estamos aprisionados ao paradigma das formas e das estruturas físicas na nossa visão de mundo. Todavia, a avassaladora tendência atual é priorizar os fluxos ao invés das formas. As modernas indústrias são desmontáveis ou descartáveis. Algumas são projetadas para durar o mesmo tempo que a campanha de fabricação de seus produtos, como a das impressoras HP, o que nos desfaz a imagem de fábrica como algo definitivo, pesado e irreversível. Assim, podemos transportar esse modelo para a escola que deve priorizar os fluxos de ensino e aprendizagem, mas não as suas estruturas físicas, como no caso de uma escola na modalidade EaD.

Esse é o novo mundo da economia do conhecimento, onde o patrimônio é tão imaterial quanto o “software” ou a reputação de uma empresa. Mundo esse, que já responde pela maior fatia do PIB mundial e que circula por meio de linhas telefônicas, dispensando portos e estradas. Também que oportuniza o surgimento de novos e impensáveis modelos de negócios amparados pela colaboração de milhares de anônimos cidadãos capazes de construir uma exitosa Wikipédia e, paralelamente, assistir à derrota da poderosa enciclopédia Microsoft Encarta, ancorada em um modelo comercial ultrapassado.

Nesse cenário, o Senac dá um salto qualitativo ao lançar sua nova marca. Uma instituição com mais de 60 anos de existência, dona de grande passado, validado pelos serviços prestados, dá um passo corajoso e integrador ao lançar essa nova identidade visual com adesão unânime dos regionais brasileiros. A nova marca faz essa passagem, sem ruptura com as coisas boas do passado ao aposentar uma marca criada em 1969, muito bem sucedida, porém, fruto de um Brasil que já não existe, na qual, a solidez das formas e a monocromática se revelam emblemáticas para uma nova marca criteriosamente estudada, mais leve, colorida, dinâmica, fluída, que alia bem a percepção de mobilidade social e o dinamismo da moderna economia, com a visão de futuro institucional e o empreendedorismo.
Inspirada na ideia de um avião, a marca estreante reforça a competência que buscamos incansavelmente para oferecer sempre o melhor aos nossos estudantes. Competência  refletida nas três cores: profunda do azul - associada ao conhecimento; expansiva e atuante do claro alaranjado – simbolizando as habilidades; ambas mediadas pela apaixonada cor laranja - que irradia nossas atitudes simpáticas. Ademais, a existência das asas indica a faculdade cognitiva: “aquele que compreende tem asas”.  

Com tais asas, alçaremos longos voos a novos e desconhecidos lugares, porém, muito seguros e planejados. Igualmente, não iremos abdicar da terra firme, sedimentada por décadas de bons serviços em educação profissional, para as imprescindíveis aterrissagens e decolagens.

Raras instituições dispõem de tão nobre histórico e, ao mesmo tempo, conseguem se expor ao risco típico dos empreendedores. Desse modo, a sociedade espera por inovação, desde que se perpetuem os mais nobres valores. Daí, o Senac, como ninguém, pode parafrasear o escritor Eduardo Galeano e dizer: “Temos um esplêndido passado pela frente!

       
Publicado no jornal Cinform em 13/08/2012 – Caderno Emprego

2 comentários:

  1. Essa nova marca não é apenas novas cores ou significados, é o fruto de um excelente trabalho com mais de 60 anos de existência e inúmeros casos de sucesso por todo o país. Desta forma, o Senac/Se, representado através do Diretor Sr. Paulo do Eirado, vem trazendo durante anos, novas idéias e bons frutos através da educação voltada para para a aprendizagem comercial e demais.
    Quero também dizer que gostei quando o Sr. Paulo fala sobre investimentos na Educação ao invés de estruturas físicas, realmente as pessoas de hoje, principalmente os alunos pensam muito nesse tipo de ideia e acaba esquecendo do mais importante que é o investimento e melhoria da educação, afinal, aprendemos com a educação e não com estruturas físicas. Sei que estruturas são importantes para educação porque trás ainda mais aquela vontade dos alunos assistir uma aula com salas bem equipadas, mas, primeiramente EDUCAÇÃO!

    Fico tranquilo por quaisquer decisões como essas que venham a ser tomadas, porque sei que a frente dessas decisões existe pessoas como o Sr. Paulo e demais funcionários da mesma, que irá fazer e trazer o melhor para o presente e futuro de nossa instituição.

    Desde já agradeço por seus textos enriquecedores de conhecimentos...

    Sem mais,

    Lucas Mota de Oliveira

    Graduado em Análise e desenvolvimento de Sistemas.

    Instrutor de formação profissional (Senac/Se) Unidade Móvel
    /:/
    almeida.lg@hotmail.com

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  2. Lucas,

    o conhecimento é próprio do ser humano. Nenhuma máquina ou outro ser o possui. Assim, educar é trabalhar o humano, acima de tudo.
    Conhecimento é um bem intangível e imaterial, porém, a cada dia mais valioso.

    Obrigado por seus comentários.

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