segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dia das Mães e o “day after”


     Ontem, Dia das Mães, certamente uma data especial. É quando almoçamos em família e dedicamos (ou deveríamos dedicar) uma atenção especial à mamãe – retribuição simbólica em relação à atenção que dela recebemos. Merece registro o efeito deste domingo de maio também para o comércio, considerado o segundo melhor período de vendas, perdendo apenas para o Natal.

Por todo esse simbolismo enriquecido por gestos amorosos de filhos para com as mães deles, esse dia dispensa maiores comentários. Assim, vamos nos ater ao dia seguinte (“day after”, em inglês) e todos os demais 360 e tantos dias que o sucedem até um novo Dia das Mães. Tão numerosos esses outros dias, que os fazem verdadeiro palco da luta cotidiana, o famoso dia a dia, representando muito mais o que é ser mãe, que o único dia do ano a ela consagrado.

Quando se desenvolve um trabalho educacional e formativo, como fazem as mães cuidando dos filhos de qualquer idade, percebe-se que só surtirá o efeito desejado quando realizado a longo prazo. Dessa forma, não há como crer que algo acontecido em um único dia, por mais poderoso e marcante que seja, será capaz de, por si só, resultar em efetivas mudanças. Isso porque, não se faz educação por decreto, mas apenas através de um trabalho cotidiano e repetitivo, capaz de criar hábitos e solidificar graus de crescimento moral, volitivo, social e cognitivo nos educandos.

Esse é o grande papel exercido pelas mães na sociedade – zelar pela coerência e persistência de um cotidiano saudável para a formação do código moral e ético nos filhos. Cada vez mais, a permanente orientação firme e amorosa de uma mãe é necessária para a criação harmoniosa das crianças em virtude da crise moral e institucional crescente que vivemos.Hoje,questionamos os valores morais coletivos e institucionais, a exemplo da igreja ou da pátria, e nada repomos no lugar. E se rejeitamos esses padrões coletivos, criamos novos códigos éticos pessoais a partir de que fontes? Ofertar essa fonte é o dever que uma nova escola e família devem propiciar. Porém, enquanto nos ocupamos prioritariamente com a formação cognitiva na esperança de termos jovens inteligentes, podemos estar dando um tiro no próprio pé: desenvolver uma inteligência egoísta, destrutiva socialmente e, portanto, poderosa mas carente de um repertório de valores morais elevados.

Mais do que ser um adulto que gera crianças, à mãe, cabe o mérito de ser alguém que gera adultos a partir de crianças. Essa é a heroica saga da mulher numa família, papel compartilhado com o homem, mas não transferível por razões de íntima essência da alma feminina, perfeitamente integrada a um corpo que também não transfere ao homem o ventre fecundo e o poder de alimentar um filho ao seio.

Vivemos em um País que reconhece e remunera muito bem a formação escolar. O Prof. Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas – FGV - ,afirma, a partir de exaustivas pesquisas socioeconômicas, que o Brasil incrementa os salários em 15%,em média, por ano de escolaridade. Isso comprova o que já faz parte do discurso das famílias que se sacrificam e insistem na boa educação dos filhos, pois, sabiamente entendem que bons professores são caros; maus professores, mais ainda.

Como uma estadista do lar, a mãe nos ensina o sentido da fé com a convicção de que o longo prazo nos resgatará de qualquer situação adversa atual. Prega também a certeza de que o maior inimigo de nossos sonhos é ceder ao imediatismo sedutor. E isso é feito, incansavelmente, nos 366 dias do ano, quando bissexto.

Nosso mais profundo respeito às mamães. Afinal, a sabedoria popular ensina: “A mão que embala o berço governa o mundo”, o que reafirma o erudito Goethe, nas palavras finais da segunda parte de Fausto: “O eterno feminino nos eleva”.




Publicado no jornal Cinform em 14/05/2012 – Caderno Emprego

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